O brasileiro tem inúmeras qualidades, como a criatividade e o ímpeto para enfrentar desafios. Mas, quando se trata de educação financeira pessoal, a história é outra. Ao longo de nossa formação, na escola e na família, não temos por hábito discutir as implicações do dinheiro no dia a dia. Quando há alguma dinâmica estabelecida, geralmente é de “8 a 80”: de gastos excessivos à contenção absoluta, o que também não indica uma relação saudável com o dinheiro.

Para começar a pensar na educação financeira pessoal, é preciso conhecer alguns conceitos-chave. A partir deles, você terá mais habilidade para aplicar as dicas de administração financeira da casa e não ter aperto para chegar ao fim do mês.

Receita e despesas: o equilíbrio para a administração financeira pessoal

Os conceitos de receita e despesa devem estar bem claros em um primeiro momento. A receita abarca todos os ganhos de um indivíduo ou do conjunto familiar – daqueles que colaboram para arcar com as despesas mensalmente. Então, o que você deve considerar como receita? Veja os itens:

• Salário mensal líquido (ou seja, excluindo impostos, o valor que está disponível)
• Pagamentos avulsos (de trabalhos extras)
• Rendimentos de outras fontes (pensão, aposentadoria, rendimento da poupança ou de outros investimentos, rendimento de locações, etc.)

Agora que a noção de receita está mais clara, vamos ao conceito de despesa. Parece simples, não? Na teoria, talvez. Fazer o levantamento de tudo que é gasto mensalmente exige compromisso e atenção ao dia a dia, e esse é o grande desafio da educação financeira pessoal. Tenha um bloco de notas sempre em mãos ou conte com o auxílio do celular para registrar todos os gastos – há aplicativos excelentes que podem ajudar nesse sentido. Veja o que considerar para a administração financeira da família em termos de gastos:

• Alimentação (tanto as compras mensais quanto as refeições fora de casa)
• Pagamento de aluguel e/ou parcelas de um imóvel
• Despesas com transporte (passagem ou gasolina, bem como outras taxas em caso de veículo próprio)
• Matrículas e mensalidades diversas (escola dos filhos, faculdade, academia, etc.)
• Serviços em geral (água, luz, gás, internet, etc.)
• Despesas com lazer (cinema, teatro, passeios, restaurantes, etc.)

A intenção de um planejamento financeiro eficiente é chegar ao fim do mês com mais receita do que despesas, o que requer alguma habilidade para a maioria dos brasileiros. No entanto, deve haver equilíbrio para que a contenção de gastos não afete o bem-estar da família, privando momentos de lazer em conjunto, por exemplo.

Dicas para aprimorar a educação financeira pessoal

Com uma visão mais ampla sobre o quadro geral da sua situação financeira, ficará mais simples pensar em estratégias para melhorar o uso do dinheiro. Considere as dicas a seguir para dar os próximos passos em relação às finanças.

1) Muita calma nessa hora

É importante traçar objetivos a curto, médio e longo prazo e fazer um planejamento para cada um deles. Uma viagem em família no fim do ano? Sim, pode ser possível, mas é preciso fazer um levantamento realista de todas as despesas e avaliar quanto seria necessário economizar por mês. Será possível poupar tal quantia mensalmente? Não tenha medo de fazer perguntas e refletir sobre as respostas.

2) Use o crédito com sabedoria – ou não use

Há muitas opções de crédito disponíveis: cartão de crédito, cheque especial, empréstimos, crédito consignado (que cai direto na folha de pagamento), entre outros. A maior parte dessas opções implica em soluções rápidas, porém, com juros altíssimos – o valor a mais que você paga por mês para que tal acordo seja vantajoso para a instituição. Então, muita cautela na hora de optar por uma dessas modalidades. No uso do cartão de crédito, prefira parcelamentos sem juros e fique atento para não comprometer sua receita no longo prazo.

3) Não se culpe pelos momentos difíceis

O primeiro trimestre de 2019 registrou uma recessão 0,2%. Isso indica duas coisas importantes: 1) a economia não vai bem; 2) mais do que nunca, é hora de ter controle sobre os gastos mensais. Muitos brasileiros estão com dificuldades de fechar as contas e isso não significa falta de esforço, comprometimento ou vontade de vencer na vida. No entanto, também não é de grande utilidade se desesperar. A organização e o controle das finanças é a principal chave para se garantir em tempos de crise e prosperar em tempos amenos. Comece hoje mesmo a se organizar para obter mais tranquilidade financeira no futuro.

Autor: Walter Kaltenbach –

Diretor da MasterMind e Fundação Napoleon Hill

walter@mastermind.com.br